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J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.


Na minha família os Silva terminaram na geração do meu pai e eu acho que todos os portugueses têm Silva no sangue. Portugueses e não só, na semana em que atribuímos o Prémio Camões a um brasileiro chamado Silviano.



Esta familiaridade pode ser uma explicação para a empatia fácil e espontânea que tem gerado o jovem central, desconhecido há dois meses, com nome de herói de um qualquer pátio de cantigas benfiquistas e que hoje ocupa o topo das listas de “wannabes” do futebol europeu e tão bom, tão bom, que é o único jogador mundial com coluna para os “erros” na sua ficha estatística atualizada.

Além de familiar, Silva é um sobrenome de tal maneira vulgar que se subentende. Temos o Raphael Guerreiro, o Rafael Leão e o simplesmente Rafa - o futebolista que corre com a bola colada ao pé, mais veloz do que a própria sombra, mais rápido do que nenhum outro neste desporto.

António Silva e Rafael Silva, o Rafa do Benfica, não se cruzam na mesma árvore genealógica, mas nasceram ambos dessa inesgotável e ilimitada silveira de talentos portugueses para o futebol.

São herdeiros do Rei Eusébio, são primos do Bernardo. Que linhagem extraordinária, de Mafalala a Viseu, que orgulho sentiria hoje Alberto Silveira, um dos maiores benfiquistas que conheci!

Ontem, para decretar a Juventus como a “pior Juventus dos últimos dez anos (pelo menos)”, a Companhia Silva & Silva foi a firma de uma das mais extraordinárias performances futebolísticas de uma equipa portuguesa na Liga dos Campeões moderna. Um jogo inesquecível, óptimo em todos os sentidos e ângulos, barómetro de poderes e de ambições e, até, revelador de uma fraqueza do treinador Roger Schmidt - podemos considerar que os Schmidt são os Silva da Germânia -, que muitos já consideravam infalível.

Deslumbrado com o esplendor dos Silva vermelhos, o alemão não reparou na via verde que sempre se abre no lado direito da defesa a meio do segundo tempo e que foi habilmente explorada pelo treinador Allegri para afogar parte das tristezas juventinas com dois golos que apagaram, injustamente, o efeito de uma goleada que seria histórica.

Ora, se Schmidt é, afinal de contas, apenas humano, também não sei a que dotes de prestidigitação terá de recorrer para acomodar na mesma formação a harmonia e disciplina do bando dos quatro (Florentino, Enzo Fernandez, João Mário e Aursnes) com os improvisos de um aventureiro como David Neres. Dumas resolveu o quebra-cabeças cedendo à evidência de assumir que os Três Mosqueteiros, afinal, eram quatro.

É este agora o desafio do romancista do Benfica para os próximos capítulos do seu folhetim. No balanço das primeiras conquistas, uma equipa que parecia só ter onze elementos credenciados dispõe agora de “sobras” de reforço que podem fazer ainda mais diferença, por exemplo, com o restabelecimento dos outros três guardas reais que estavam de baixa - uma fartura que acaba com o apertar dos cintos das primeiras semanas.

E, porque isto anda tudo ligado, como diria o meu amigo Bandarra, um deles chama-se Lucas Veríssimo da Silva, outro é o João Vítor da Silva Marcelino e o terceiro o Filipe Rodrigues da Silva “Morato”.

 



FOTO slbenfica.pt