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J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

Não defendo a mudança de um treinador no meio de um percurso, a menos que nas análises intermédias se verifique um enorme desvio, pela negativa, relativamente ao projecto e aos objectivos traçados. 

Ora, o Benfica está ainda na luta pela continuidade na Champions League, depois de ter feito o que lhe competia na fase preliminar que obrigou a uma aceleração do processo normal de crescimento de forma, e está também no topo da Liga, mais ponto menos ponto.

Embora muitos tenham visto nos últimos jogos um prenúncio de crise, os índices exibicionais em Chaves (empate), Atenas (vitória), com o FC Porto (vitória), em Amesterdão (derrota) e no Jamor (derrota) foram positivos em muitos parâmetros, com a excepção da finalização. No que toca à eficácia ofensiva, a produção foi claramente insuficiente, sem qualquer golo nas últimas duas partidas, um total de 37 remates sem efeito.

Não me surpreende esta situação, que diz muito sobre os critérios de Rui Vitória, um “homem bom e honrado”, com dificuldade em hipotecar a sua humanidade ao instinto “assassino” necessário ao êxito no desporto de alta competição. Os treinadores que ganham são os que tomam decisões difíceis.

Ora, o treinador do Benfica mostra-se até incapaz de tomar uma decisão facílima de justificar, a rendição de Seferovic, após uma comissão de serviço de urgência.

Já por aqui comentei a impossibilidade de associar um avançado como o suíço do Benfica ao índice goleador necessário a uma equipa que lute pelo título. Bom jogador, excelente atleta profissional, mas quem confiaria nele para uma reviravolta com a equipa a perder por dois golos, como aconteceu frente ao Belenenses? Quem terá conseguido imaginar, ao intervalo do Jamor, que o Benfica iria salvar pelo menos um ponto pela acção decisiva do seu ponta-de-lança? Ninguém. Nem mesmo o próprio Rui Vitória, que acabou por ceder à pressão e passou a segunda parte a insuflar a equipa com mais avançados, matando por asfixia os processos de jogo habituais, não conseguindo construir qualquer situação de golo a partir do momento em que ficou com três dianteiros em campo.

Agradecido pelo socorro que o suíço lhe prestou o melhor que pôde num período de dificuldades, pelas lesões dos outros avançados, Rui Vitória não teve coragem de o afastar do onze inicial, mas a realidade, ao fim de dois meses é esta: 3 golos em 12 jogos. Não é produção que justifique a sua escolha como titular num esquema de avançado único e a equipa pode ter sido seriamente prejudicada.

A propósito, recordo o que escrevi aqui a 30 de Agosto: “Os golos do Benfica surgem nos pés e cabeças de médios e defesas, o que nada tem de errado, mas nunca pode ser tomado como uma garantia de futuro: não dispor de um avançado goleador é caminho para uma crise de resultados.”

Portanto, a primeira resposta de Rui Vitória, já contra o Moreirense e a seguir com o Ajax, passa pela rendição de Seferovic se quiser continuar a teimar no 4x3x3 que tão maus resultados lhe tem dado nos últimos dois anos. Na verdade, uma decisão fácil para um treinador consciente e que só peca por tardia.

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