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J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

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Ir a Atenas e não ver os Evzonoi é como ir a um jogo do Benfica e não ver o Pavlidis, mais a sua coreografia de perna alçada, chuteiras com berloque no lugar da mira e cara de quem está a fazer a coisa mais difícil e desengraçada do mundo, condicionado por um calção cheio de pregas que lhe tolhe os movimentos.
Ir ao estádio da Luz e ver um jogo do Pavlidis transporta-nos, então, para a Praça Syntagma onde, a cada hora, vários soldados de “cintura formosa”, os Evzonoi, assim baptizados por Homero na “Ilíada”, nos deliciam com os seus passos acrobáticos de perna elevada a 90 graus, trôpegos mas graciosos, nas suas “fustanellas”, os saiotes brancos de 400 pregas, e calçados com “tsarouchis”, os sapatos turcos de pompom e tacões reforçados para assustar o inimigo.
Na emblemática Syntagma, a rendição dos guardas repete-se a cada hora certa, para gáudio dos basbaques em turismo. Na icónica Luz, a substituição do avançado chega sempre atrasada, para desespero dos adeptos em romaria - porque só Bruno Lage não vê que aquilo não vai lá nem com calçadeira.
Os infantes gregos esforçam-se naturalmente para parecerem ridículos. O avançado do Benfica esforça-se imenso para não ser.
Mas o resultado é semelhante: chutos na atmosfera, inimigos sãos e salvos!
Transformam o simples em muito complicado e deixam a quem os vê aquela sensação de esforço vão e inglório (gratuito em Atenas): ninguém anda como os Evzones em frente ao Parlamento, ninguém troca os pés como Pavlidis à frente da baliza.
Dizem a lenda e a Wikipédia que as 400 pregas dos “kilts” dos soldados helénicos se referem aos anos da ocupação da Grécia pelos otomanos. Pergunto-me se o calção do Pavlidis não terá sido também plissado com as 62 pragas dos anos que já dura a maldição do otomano Bella Gutmann.
Mas, se até os gregos ganharam a Guerra da Independência, pode ser que também o Pavlidis consiga libertar-se…