O triunfo do VAR
Após os penaltis da França e do Peru, assinalados por intervenção do video-árbitro, a principal inovação tecnológica deste Mundial começa a captar apoiantes em alguns países mais reticentes, como a Inglaterra. Em dois dias ao nível FIFA, o VAR provocou mais discussão e captou mais atenção do que em três anos de fase experimental em países periféricos.
No debate ao intervalo do Peru-Dinamarca na BBC, Gary Lineker considerou que as intervenções do VAR introduzem “fair” (justiça) e os seus interlocutores, quer Rio Ferdinand quer Cesc Fabregas, igualmente começaram a querer quebrar a resistência que se vai manter por mais um ano na Premier League.
O VAR no Mundial é uma novidade para a maioria dos países, uma revelação para jogadores e espectadores, exceptuando a meia dúzia onde nos últimos dois anos decorreram as experiências, como Portugal.
Situações como a do golo da Espanha antecedido de falta de Costa sobre Pepe são menos valorizadas do que a oportunidade para muito mais penaltis, pois todos os lances dentro da área são analisados ao pormenor e acaba o benefício da dúvida para o defensor que marcou as arbitragens dos últimos 40 anos. Já se prevê um recorde de grandes penalidades: em apenas dois dias foram assinalados metade do total absoluto do Mundial de há quatro anos.
O pior do que se viu em Portugal durante a última época foi inteligentemente superado pela FIFA: o dobro dos árbitros em estúdio, três ou quatro vezes mais câmaras, muito mais ângulos e ultradefinição de imagem, além de uma preocupação evidente de reduzir as perdas de tempo e o número de “checks”, além de uma clara advertência prévia aos jogadores para acatarem imediatamente a decisão, uma vez que ela se torna indiscutível através da divulgação instantânea das imagens nos ecrãs gigantes.
No entanto, estas dificuldades, fáceis de resolver numa competição da FIFA ou nas grandes Ligas europeias e da UEFA, subsistirão alguns anos em competições menores como a Liga portuguesa, devido aos rudimentares processos de transmissão televisiva da maioria dos jogos, aqueles sem as equipas principais, seja por razões económicas e falta de interesse do grande público, seja pelas deficientes condições de muitos estádios.