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J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

EFAB⚽LAÇÃO (45)

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Faltar a energia na ficha do VAR no momento em que há um lance de possível penálti para analisar é como estar no meio da grande área e cair sem outra razão além de uma conveniente falta de forças nas pernas.

Se parecia altamente improvável que pudessem cair ao mesmo tempo, o Taremi e o VAR, mais uma vez se provou que no futebol português, em determinados espaços e com determinados protagonistas, até o inverosímil pode ocorrer com a naturalidade de um raio que atinge duas vezes o mesmo sítio - aqueles três metros quadrados de relva macia à frente da baliza.

Foi o que aconteceu no domingo, um duplo apagão horas antes das primeiras trovoadas do outono, transformado em penaltis e cenas canalhas à altura da internacionalização da Liga Portugal, a mais patética do mundo.

O controlador das tomadas do Dragão encarna em autêntico Taremi dos electricistas. Ele faz cair a corrente e, já se sabe, quando alguma coisa ali cai, é penálti, como um relâmpago de esperança que ilumina um estádio em aflição.

Pelas explicações dadas pelas várias instituições envolvidas, do Porto à Federação, passando pela Altice, três marcas de elevada probidade, o ponta-de-lança da central eléctrica do Dragão teria conseguido o prodígio de interromper a energia sem desligar a corrente, mas causando impacto semelhante ao de um trambolhão do avançado iraniano que também se apaga dramaticamente sempre que sente o bafo de um defesa adversário à ilharga. 

Ora, este insólito apagão selectivo num estádio que a UEFA considera de nível “Elite”, portanto, um dos 48 melhores da Europa, transporta-nos para a dimensão sobrenatural do futebol fantástico, que se joga num mundo ficcionado de druidas e bruxos, dragões e unicórnios, hackers e piratas, onde acontecem coisas únicas, irracionais, sem paralelo nem justificação - uma espécie de “milagres” e “proezas” de ultimíssima hora, agora também conhecida por tempo extra do tempo extra, que fazem corar de vergonha alheia quem apenas queira ver num jogo de futebol a verdade de uma disputa desportiva.

Tresanda ao submundo da batota e dos batoteiros, conspirando permanentemente contra a qualidade dos jogadores portugueses, para gáudio de uma turbamulta sem escrúpulos para quem a vitória não depende do jogo, mas sim do exercício do poder. 

Porque quando se ganha, não se discute. Nem a falta de qualidade do plantel, nem a pobreza táctica do conjunto, nem o desnorte psicotécnico do treinador, nem a gestão perdulária dos administradores. Pelo contrário, a maioria dos adeptos desta “rassa” revê-se e apoia fervorosamente as sucessivas vitórias de Pirro, a qualquer preço e em nome de uma absurda guerrilha pela centralidade, o “neocentralismo”, da segunda urbe do país.

Afinal, uma terrível e irremediável derrota do bom nome e tradição de uma cidade outrora invicta.

 

Foto Getty Images

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