O paradigma Seferovic
Poucos clubes do Mundo têm cinco avançados como o Benfica, cujas cláusulas de rescisão ascendem, em conjunto, a 300 milhões de euros. Talvez fosse de lhes exigir que jogassem mais tempo e marcassem mais golos.
O clube de fãs de Seferovic teve esta noite momentos de enorme felicidade em dois lances magistrais. Pego nas descrições dos experts tácticos para sublinhar o trabalho do suíço: “baixou” ao meio-campo para fazer um passe ao jogador que havia de fazer o cruzamento para o primeiro golo e fez um “túnel” para deixar passar o lançamento “vertical” de que resultou o segundo golo.
Pouco de Cervi, quase nada de Ruben Dias, que só fizeram as assistências, nada de nada de Rafa, num jogo raríssimo em que acertou duas vezes na baliza. Seferovic é que foi decisivo: um passe a meio-campo e um túnel.
O treinador do Benfica derreteu-se, perante as câmaras, em polegares acima ao suíço depois do primeiro golo e provavelmente também do segundo. Seferovic em altas dá “razão” a quem o mantém no centro de um ataque que está longe de fazer os golos de que um candidato ao título necessita!
Aos 60 minutos do jogo, entre um golo e outro, o bom do suíço esteve duas vezes cara a cara com o guarda-redes do Chaves, a três metros da baliza, e acertou no boneco. Não fez golo, mas também não é para isso que lhe pagam.
Seferovic é um bom profissional, que dá o que tem e se aplica em campo. Sua a camisola, como se dizia nos tempos dos equipamentos de malha. Joga no Benfica. Só não marca golos. É um paradigma dos equívocos constantes de Rui Vitória. É o reflexo de uma abordagem ao jogo que fica muito exposta ao azar. E aos empates, que já são quatro em 12 partidas oficiais, contra adversários inferiores.