Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

470184729_10231228602916017_5538155298930547438_n.

“Queremos chegar ao 1.° lugar antes do Natal” - é das frases mais optimistas, a roçar a arrogância, que um adepto do Benfica pode dizer no final deste 2024 em que o clube, no futebol e no resto, evoluiu negativamente em praticamente todos os parâmetros de análise.
Rui Costa, CEO da maior marca nacional, vai empurrando as crises sucessivas com a barriga cheia de um património inesgotável, constituído pelo apoio entusiástico e pelo suporte material e financeiro de uma massa adepta à escala mundial.
Por estes dias, cavalgando uma série de resultados muito melhores que as exibições, com pontos acumulados na Liga dos Campeões e vitórias caídas do acaso no campeonato, o esperto presidente assinou uma rescisão de contrato com o ex-treinador, o alemão Roger Schmidt, por um camião de euros - um acto delapidador das finanças do clube, que em qualquer empresa normal valeria a destituição pura e simples do Conselho de Administração, por indecente e má gestão.
No embalo da crise do Sporting, graças à ajuda do parceiro Frederico Varandas, outro génio da gestão desportiva, o Euromilhões que o Benfica sorteou para Schmidt foi recebido com indiferença e permissividade pela comunicação social engajada com o sistema vigente e, por extensão, por uma massa associativa acéfala e sem capacidade de escrutínio.
Aliás, ainda foi destacado que o alemão podia ter recebido o dobro, mas a providencial capacidade negociadora do herdeiro de Luís Filipe Vieira teria produzido esse milagre de gestão que se traduziu na indemnização de meros 8,7 milhões de euros líquidos, como consequência de outra decisão sem lógica nem racional, que tinha sido o prolongamento do contrato com Schmidt, menos de um ano antes, quando nada o justificava.
Foi por causa desta brincadeira de se “gerir” à grande o dinheiro dos sócios humildes, contrariando os princípios de Joaquim Ferreira Bogalho, que, em cima da perda sucessiva de títulos e competições ao longo destes mandatos obnóxios, só terão sobrado trocos para contratar como salvador da época outro treinador sem dimensão como o bem intencionado, às vezes lunático, Bruno Lage, cujo currículo foi construído sobre o alinhamento cósmico de Jonas, a estrela cadente, com João Félix, o cometa fugaz, em 2019, fenómeno que só aconteceria uma vez por cada Big Bang.
Gastou o orçamento em indemnizações e perdeu margem para contratar um treinador ao nível da exigência e de um plantel com elevado potencial mas cada vez mais desvalorizado, cujos principais activos desportivos são dois campeões do mundo sem valor facial. No Transfermarkt, a equipa do Benfica já vale menos que as do Sporting e do FC Porto - mas nem isso ajuda a baixar a nota das fanfarronices dos amanhãs que cantam na Luz.
O Benfica de Rui Costa será um caso de estudo no futuro, quando alguém quiser tentar entender como um clube com tamanha capacidade de regeneração de talentos nacionais e estrangeiros, com uma mística de vitórias e lideranças, com alicerces fundos e sustentáveis, se entrega à sorte de soluções pueris, aleatórias e tão fantásticas como se o Jett dos Super Wings desse uma ajuda à Patrulha Pata para salvar a grande nau encarnada do Capitão Rodovalho de um naufrágio iminente - papá Lage sabe do que eu estou a falar.
Passar o Natal em 1.° ainda será possível se João Pereira der mais uma ajuda na próxima jornada, mas essa prenda enganaria tanto ou mais que o “bom negócio” que Rui Costa fechou com Roger Schmidt, depois de Rúben Amorim o ter presenteado com o inestimável presente de se ir embora antes da chegada dos Reis Magos.