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J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

 

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Um ex-jogador lisboeta, castiço, irreverente, provocador, excessivo, reaparece em público após anos de “preparação” na academia dos treinadores sem diploma como se lhe tivessem injectado o elixir da eterna quietude, paralisado, abúlico, de olhos vidrados pelo terror cénico de um estádio em polvorosa.
O João Pereira que conhecíamos ficou na galeria das memórias e renasceu calmo, tranquilo e resignado, incapaz de liderar as pequenas revoluções que quase todos os jogos de futebol exigem.
Isto é o pesadelo do céu a desabar em cima da cabeça dos sportinguistas, ameaçando interromper o que parecia destinado a ser uma dinastia triunfal e imparável, às ordens do melhor treinador de sempre, aqueloutro lisboeta castiço, irreverente, provocador e de excessivas competências que lá residia há tantos e bons anos.
Mas não há dois homens iguais: Rúben Amorim e João Pereira, na fase adulta, são leão e gato.
O novo treinador do Sporting aceitou um desafio temerário, alguns meses antes do que estaria projectado, como carne para canhão às ordens de um general deslumbrado pela inusitada capacidade de “preparar” treinadores campeões em laboratório.
Pode ter sido um “erro de casting” como algumas das suas primeiras decisões nestes jogos perdidos na fortaleza de Alvalade, mas há que dar mais algum tempo para perceber se não foi apenas uma entrada em falso e se, com um toque a reunir, não virão por aí resultados que lhe encaminhem o futuro e justifiquem a excêntrica cláusula de rescisão. O futebol exige prudência na análise e uma grande margem para o inesperado.
Quando surgiu a nomeação, imaginei um treinador na linha de Sérgio Conceição, castiço, provocador, irreverente, excessivo e, também, resiliente, capaz daquele vai-vem repetitivo e perseverante dos seus tempos de lateral direito, que solucionasse situações adversas com liderança e carisma.
Nunca me passou pela cabeça que lhe tivessem mudado o “chip”, como dizem os analistas da bola, agravando à partida o castigo a estar sentado, de braços cruzados, mudo e quedo, proibido de mexer na herança táctica e introduzir o seu cunho pessoal, que lhe decretaram os burocratas da carteira profissional por causa da falta de nível.
Só falta vir alguém, da matilha dos comentadores, em cima deste pânico geral, atirar a bomba sacramental: para a próxima, contratem um treinador!