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J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

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Era uma vez um galego injustamente condenado que foi salvo da forca quando o galo de Barcelos, supostamente morto, cantou. E agora há um Galeno injustamente afastado da selecção de Portugal porque o galifão da FPF, supostamente “vivo”, se esqueceu de cantar o seu nome na lista dos 26.
Mandaria a lógica que um dos melhores jogadores da Liga e da Champions fosse um dos 55 pré-convocados para o Mundial da vergonha e, em função do atual estado de forma, coroado com uma nota 10 do GoalPoint no derby de ontem, também incontornável na lista final de 26. 
Para tanto, só precisaria de ser português.
Ah, esperem! Nascido no Maranhão, nordeste brasileiro, há 24 anos e chegado ao Porto em 2016, Wenderson Galeno é, de facto, cidadão português desde Março deste ano e, portanto, elegível para a seleção, como é sua ambição legítima. 
Portanto, se a FAMECOSA respeitasse o nobre lema dos Galitos (de Aveiro) contra a lei da rolha e respondesse a perguntas objectivas como fazem os selecionadores dos outros países, o esquecimento de Galeno devia ser um assunto de grande atualidade: qual o motivo técnico ou pessoal para não ter, sequer, poleiro na capoeira  dos 55 selecionáveis?
Ele é o jogador mais regular e influente do FC Porto, a par de Diogo Costa e Taremi, com oito golos marcados e duas assistências em 21 jogos. Foi eleito para o onze ideal da fase de grupos da Champions, num ataque virtual ao lado de Mané, Bellingham, Salah, Messi e Mbappé.
Explosivo, objectivo e capacitado para alinhar "por fora" e "por dentro", como agora dizem os entendidos da bola sobre os extremos modernos, ainda oferece em alto nível de rendimento as características em falta no plantel final, por causa da renúncia de Rafa e da má forma de Gonçalo Guedes.

Embora representado por um agente muito poderoso a nível internacional, Giuliano Bertolucci, o avançado do FC Porto é invisível aos olhos dos "influenciadores" do futebol nacional. Ninguém mexeu um dedo ou disse uma palavra sobre as hipóteses de Galeno na seleção de Portugal, como se fosse um português de segunda.
A questão dos jogadores naturalizados é fracturante e preconceituosa, a roçar a xenofobia, relativamente aos brasileiros na comparação com os angolanos, os guineenses e os cabo-verdianos.
E, talvez por causa da crista eriçada e do bico afiado de Otávio, suspeito que Galeno está a assar na churrasqueira da discriminação também por ser jogador do FC Porto: é estranho, estranhíssimo, que nem o clube, nem sequer informalmente através dos seus pontas-de-lança nas televisões, tenha ao menos cacarejado em sua defesa.

ESTATÍSTICA: goalpoint.pt