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J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

09 Mar, 2023

Em cima do muro

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EFABLAÇÃO (18)

Se o Benfica tivesse tido sucesso desportivo no final do século passado, João Vale e Azevedo ainda seria presidente. E, depois dele, também Luís Filipe Vieira se teria mantido imperturbável no comando se não tivesse calculado mal a época do pentacampeonato falhado - e Rui Costa, seu fiel escudeiro, ainda hoje estaria mudo e quedo.

A irracionalidade do futebol, que muitos insistem em chamar de “indústria” e outros de “negócio”, confina à conquista do título em cada época o resultado positivo de uma gestão, que tudo permite aos detentores do poder, à revelia das boas práticas administrativas, desde o silenciamento da razoabilidade a que se assiste no Benfica até à infame colecta de prémios de desempenho com que se vêm locupletando os dirigentes do FC Porto. 

Se a equipa de futebol ganhar, vale tudo. Roger Schmidt e Sérgio Conceição deviam ser designados como verdadeiros CEO, pois é das decisões diárias deles que depende a estabilidade e a prosperidade dos dirigentes parasitas.

Rui Costa aprendeu durante décadas esta arte de permanecer presidente até à eternidade: acertar no treinador, uma espécie de roleta russa da sobrevivência que até Vale e Azevedo esteve perto de atingir com a “bala dourada” de José Mourinho, e ficar sempre em cima do muro perante temas fracturantes que possam “perturbar” o balneário - o célebre axioma futebolístico “em equipa que ganha não se mexe”.

No Benfica, graças a Roger Schmidt, deixou de haver auditoria, estatutos, oposição, para dar lugar a festa permanente, expectativa crescente e orgulho incontinente.

“Todos unidos” - é o longo abraço familiar que inclui suspeitos e, até, condenados que lesaram, em primeira instância, o próprio clube. A família, inebriada pelo sucesso, perdoa quem a rouba indecentemente porque os “verdadeiros benfiquistas” são os que não se preocupam com nada mais do que as “reservas” do Marquês de Pombal.

Mas não há bela sem senão: aproxima-se uma tomada de decisão que não lhe permite permanecer em cima do muro, a famigerada centralização dos direitos televisivos, por força de lei, que mais não é do que um ataque corporativo, quase uma declaração de guerra. 

E, agora, Rui Costa? Ou isola o Benfica e satisfaz o desejo dos associados, ou satisfaz os parceiros e a opinião publicada e se isola num poder fragilizado, ficando ainda mais à mercê dos resultados desportivos.

Foto ojogo.pt

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