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J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

Duas vezes campeão de provas continentais à frente da selecção, Fernando Santos reivindica um lugar como o maior treinador da história do futebol português. Tem o reconhecimento do povo e das elites, mas falta-lhe a benção dos inteligentes que falam nas televisões ou escrevem nos jornais.
Ou seja: como treinador, Fernando Santos assegurou a imortalidade popular, mas nunca viverá com o prazer da unanimidade mediática.
Agora, coloquemo-nos no lugar dos críticos, uma pequena aldeia de rezingões que não se deixa anexar pelo grande império dos Santistas e se mantém irredutível na defesa de uma matriz de inteligência, criatividade e ambição.
Sendo portugueses, nunca desejariam o insucesso da selecção, apenas como poção mágica imbatível para justificarem as suas dúvidas relativamente aos métodos, às soluções técnicas e tácticas e ao próprio discurso do seleccionador nacional. Sendo observadores do jogo há décadas, não imaginavam ser possível ganhar com mau futebol.
A história da selecção nacional era o inverso de tudo o que Fernando Santos vem conquistando desde 2014: tinha sido durante décadas a equipa das vitórias morais, do quase sucesso, do fatalismo de derrotas cruéis em meias-finais (1966, 1984, 2000, 2006, 2012) e da tragédia desportiva de perder uma final em casa perante um adversário manifestamente inferior (2004). Na realidade, tantos jogos jogando bem e perdendo…
A vitória sobre a Suíça por 3-1 na meia-final da Liga das Nações não mereceu qualquer crítica para lá de Badajoz, mas ainda foi tema de infindáveis reflexões caseiras sobre a actuação insatisfatória de algumas individualidades, com consequências no funcionamento colectivo, independentemente do resultado. Por isso, não seria de esperar que, para a final com a Holanda, o treinador fosse alterar substancialmente a composição da equipa nem a solução táctica, mantendo as convicções treinadas na semana anterior.
O que aconteceu, porém, foi precisamente o oposto: Fernando Santos “ouviu” os críticos, mudou significativamente, arrumou o que tinha de ser arrumado (Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Ruben Neves, João Félix) e alcançou a maior vitória com cunho pessoal da sua carreira na selecção. Uma vitória retumbante e inequívoca, sobre a melhor selecção europeia do último ano, uma vitória que não saiu de qualquer pontapé fortuito nem de algum momento de inspiração individual, uma vitória que consolida um caminho e marca grandes encontros com o futuro.
Com 39 triunfos em 64 jogos (60 por cento), diz ele que jogar bem é diferente de jogar bonito e que o futebol é resultado.
Tem razão, desculpe, e até à próxima vez que jogar mal (mesmo que ganhe).

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