A ciática de Kalinic
Se fosse hoje, talvez a lesão alegada para mandar Kalinic de regresso a Zagreb a seguir ao primeiro jogo do Mundial, com a Nigéria, fosse ciática e não apenas “dores nas costas”. Ciática, aquela estranha doença que dificulta o andar e, aparentemente, perturba o cérebro.
Nas histórias das selecções em fases finais há sempre um Kalinic ou dois, mas quando as coisas correm bem, como correram à Croácia, um caso tão grave de indisciplina nem chega a provocar controvérsia. Pelo contrário, hoje, depois do trajecto brilhante que a Croácia realizou, toda a gente acha que o seleccionador Dalic tomou a única decisão possível, expulsando o avançado do Milan, por se ter recusado a entrar nos últimos minutos do jogo com a Nigéria, alegando as tais dores nas costas.
Enquanto Kalinic nunca imaginou que a Croácia pudesse chegar longe sem o seu contributo de grande estrela, o seleccionador Dalic percebeu que a Croácia não iria longe com um jogador sem espírito de equipa.
Mas quantos seleccionadores, de facto, teriam a coragem de mandar para casa uma vedeta desta dimensão? Acho que muito poucos o fariam, o que explica que existam mais casos de equipas “partidas” pela indisciplina durante as longas concentrações destas fases finais, do que o contrário.
Além de ter jogado mais tempo que as outras equipas, a Croácia disputou o Mundial com menos um jogador, ficando sem substituto para o seu ponta-de-lança Mandzukic. Mas, bem vistas as coisas, não restam dúvidas de que também Kalinic terá contribuído fortemente para fortalecer o espírito de grupo daqueles que abandonou.