Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

25 Nov, 2024

O fim da rassa

image.jpeg


Há uma coincidência tétrica entre o descalabro desportivo de três derrotas consecutivas e os problemas de saúde do antigo presidente Pinto da Costa, que há poucas semanas tinha publicado um testamento sobre os convidados para o seu funeral.
Como associou o poeta, é uma pronúncia do norte a confundir-se com o prenúncio de morte - cenário fantasmagórico que reclama exorcismo urgente num meio em que, como dizem os amigos de Vigo, “brujas si, que las hay, las hay”.
Muitos previram que o dia seguinte à queda do regime não seria bonito. A herança é pesada e exige tempo para o luto, considerando que chega às mãos dos sucessores completamente esfrangalhada.
No Porto atual, após derrotas em campo, gestão danosa ou violência gratuita entre maus adeptos, o processo de refundação é obrigatório, como exercício de nojo em simultâneo com a montagem de um novo suporte de vida, o saneamento financeiro.
Porque a força interior do clube estará tão viva como um dia perpetuou outro dono da palavra que desarmou os maus augúrios sobre o destino ao escrever que as notícias sobre a sua morte eram evidentemente exageradas.
Rei morto, rei posto - longa vida ao Porto e ao seu novo presidente, o Luís André, que ousou intrometer-se num labirinto de interesses pessoais e de associações duvidosas que sobrevivia num sistema de intimidação e violência, mantido pela guarda pretoriana à custa dos bens do clube até ao nível da falência.
A essa forma de ganhar e ser poderoso deram o nome de “rassa portista”, a turbamulta da bancada das carpideiras, mas o lado bom do passado exige uma lápide limpa, honrosa e sem erros ortográficos.

468216624_10231109908948742_5069414510292964001_n.

Quando a informação futebolística começou a trocar os jornalistas por franco-atiradores de voz grossa, modos arruaceiros e total ausência de ética desportiva, destacou-se um médico com diagnósticos tóxicos sobre os adversários que mais dificuldades gástricas lhe causavam ao fim de semana.
Coincidiram as doutas opiniões com a revelação para o mundo do futebol de um jovem argentino de nome estranho e talento esquisito, que veio a realizar uma das mais completas e bem sucedidas carreiras da história do futebol.
Angel Di Maria já mostrava em 2007, acabado de sagrar-se campeão mundial de sub-20, um talento incomum que acabou por lhe valer uma carreira de mais de 30 títulos (e ainda contando…), mas teve de superar diversas vezes os efeitos secundários das receitas mal amanhadas desses charlatães da comunicação, que lhe prescreviam urbi et orbi mezinhas psicológicas na tentativa de deitá-lo abaixo.
Quando fazia coisas boas era um “malabarista”, quando não lhe saíam bem era um “enganador”.
Di Maria foi campeão mundial, europeu e olímpico, ganhou campeonatos e taças em cinco países europeus. Mas sempre que o vejo, agora no ocaso da carreira, ainda cheio de saúde, brindo com um sorriso vingado ao clamoroso erro do diagnóstico precoce do tal médico doente: “não passa de um jogador de futebol de salão”.

Foto X