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J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

A esta hora deviam estar a passar na minha tv os jogos da Liga dos Campeões. Esta noite gostava de ver o Liverpool v Paris SG e dar uns saltos a mais dois ou três. Mas pela primeira vez, na história da Champions League, isso não é possível legalmente em Portugal, exceptuando uns processos onerosos e pouco práticos que os novos detentores dos direitos tentam vender em alternativa. Até os Inácios de recurso estão ainda com dificuldades em suprir a lacuna.

Não sou eu quem vai por em causa a estratégia comercial dos “players”, mas é tempo de os consumidores darem resposta. Por mim, é acabar com as assinaturas actuais, com ofertas claramente abaixo do que subscrevi em devido tempo, mas sem redução da mensalidade, chegando a ocupar horários nobres como as tardes de domingo com repetições, ou seja, um portfólio claramente insuficiente para cinco canais.

Momentos antes de começarem as partidas, vejo um anúncio sobre a oferta da Sport TV, contabilizando 11 Ligas, 7 Taças, 2000 jogos, 55.000 horas de desporto. E, no entanto, um canal está a dar o Sporting-Marítimo de domingo, outro o Watford-Manchester United também em repetição, um jogo da Liga Mundial de Voleibol, Sérvia-Rússia, em directo, o Masters de Padel em directo e uma coisa qualquer de Luta Livre.

Não foi por isto que subscrevi este serviço, até podiam oferecer 100.000 horas, mas tinham de reduzir a metade o preço que continuam a cobrar por uma oferta claramente inferior. 

Praticamente tudo o que a Sport TV hoje transmite está disponível em vários sites de streaming. Não faz sentido pagar o que se pode ter gratuitamente, inclusive em casas de apostas legais.

Não sei quais são as razões para as plataformas de distribuição nacional não chegarem a acordo com a Eleven Sports, mas a imagem que passam é de cartelização do sector, em defesa do negócio da Olivedesportos. Todavia, os únicos que se queixam são os consumidores…

Não deve haver coisa mais estúpida de que um espectáculo profissional interdito a espectadores, à porta fechada. Foi o que aconteceu hoje num jogo da Taça da Liga, entre Paços de Ferreira e Desportivo das Aves, por aplicação de regulamentos congeminados pelos próprios clubes, os mesmos que chamam “indústria” a este manicómio em que se transformou o futebol português.

A seguir ao Paços de Ferreira, outros clubes poderão ser “castigados” com a mesma pena, entre eles o Benfica e o Braga que adiaram a execução da sentença porque têm dinheiro para pagar as custas do recurso.

Esta é uma situação que decorre directamente da tolerância aos criminosos das claques, legais e ilegais, que têm delapidado as audiências do futebol ao longo dos últimos 30 anos, ao capturarem grande parte das bancadas, delas afastando as pessoas normais, aquelas que não sofrem irracionalmente por qualquer clube e apenas gostariam de ter o direito de ir em segurança ver um espectáculo desportivo.

Quando vamos a um jogo nos Estados Unidos, o bilhete respectivo avisa-nos do comportamento que devemos ter e que seremos expulsos do local e processados judicialmente se cometermos algum acto de interferência no espectáculo. Por exemplo, atirar um copo de refrigerante ou um pacote de pipocas para dentro da quadra é o suficiente para nos candidatarmos a indemnizar pesadamente a NBA e a nunca mais podermos entrar num pavilhão.

Por isso, não compreendo que, dispondo de estádios de última geração em termos de segurança, os principais clubes portugueses não sejam capazes de identificar e processar na Justiça, de forma exemplar e significativa, os imbecis que provocam estas situações. Imagino que um jogo do Benfica à porta fechada acarrete prejuízos de centenas de milhar de euros e não percebo por que razão o clube nada faz para identificar e punir os responsáveis.

Se a violação de informação confidencial visa tirar vantagem no terreno desportivo, já se pode afirmar que o FC Porto é o grande vencedor do campeonato dos “hackers”, concorrendo com um profissional de alto gabarito internacional, enquanto o Benfica se servia de amadores pacóvios e deslumbrados pelos croquetes da Luz. 

O FC Porto dispõe de um “hacker” de última geração, o Benfica ataca com toupeiras descuidadas. O resultado está à vista.

Quando se trata de jogo à margem da lei, o Benfica perde invariavelmente, por amadorismo dos seus operacionais. É o que chamo de “síndrome Calabote”, em que a águia fica com a má fama e os outros com os campeonatos.

O perfil público do novo “player” do que já se admite ser uma associação entre quem rouba a informação e quem a divulga foi montado nas últimas 24 horas, através de informações dispersas, algumas mal confirmadas: 29 anos, natural de Gaia, licenciado em História, adepto do FC Porto, cidadão do Mundo sem vontade de regressar a casa, em fuga algures entre Vigo e Budapeste, “interrogado” (culpado, inocente?) por um desvio de fundos de um banco offshore, frustrado num crime de extorsão a um poderoso agente internacional de futebol e fornecedor de material “hackeado” ao clube do coração a título gracioso. Há ainda quem o considere um génio da informática, para surpresa da família.

Agora vejamos o perfil das “toupeiras”: a rondar os 50 anos, funcionários públicos, adeptos do Benfica, de origem provinciana, orgulhosos de se mostrarem no Facebook em poses de meter nojo, piratas informáticos nas horas vagas e incapazes de apagar o rasto das suas violações, sem cadastro e fáceis de encontrar pela PJ. As famílias deviam estar convencidas de que eram muito mais inteligentes.

Depois, ainda temos o confronto entre os receptadores. Jota Marques versus Paulo Gonçalves, o comunicador profissional contra o rato de gabinete, o indigente sem nada a perder contra o estratego discreto e calculista. Num cenário tão obscuro, quem controla a comunicação e os respectivos meios leva enorme vantagem.

Está à vista o desfecho desta competição paralela: uma imagem detestável que vai envergonhar gerações de adeptos do Benfica, a par da recuperação da vantagem competitiva do FC Porto consubstanciada em triunfos no campeonato.

Sempre fui céptico do chamado “jornalismo do cidadão” que tanto entusiasmou os editores na última década, incapazes de detectar na natureza humana o perigo da disseminação da mentira, mesmo involuntária, a que hoje pomposamente damos o nome de “fake news”.

As pessoas, pessoas normais sem formação jornalística, vertem para as redes sociais com a mesma falta de rigor com que dissertam à mesa do café e ainda chamam aldrabões aos jornalistas.
Isto para contar uma história curiosa que acabo de ler num blogue em que alguém tentava justificar a falta de confiança incondicional no novo presidente do Sporting: “Nem ao saudoso Presidente João Rocha eu dei o meu Incondicional apoio. Lembro que foi ele que me fez voltar as costas ao clube durante 2 anos por causa do episódio Nene, um jovem avançado muito promissor da Académica que ele aliciou, pondo-lhe nas mãos um Porsche para vir a Lisboa assinar pelo Sporting; faleceu pelo caminho em aparatoso desastre de viação”.
Fact checking:
> Nene promissor avançado de 19 anos da Académica foi aliciado pelo Sporting: certo
> Morreu em aparatoso acidente de viação: certo
> João Rocha era presidente do Sporting: errado.
> Nené morreu na viagem a Lisboa para assinar pelo Sporting: errado
> Morreu a conduzir um Porsche: errado
Factos a corrigir:
> Nene tinha a proposta de um contrato milionário de 1.300 contos pelo Sporting, mas nunca chegou a assinar contrato.
> O presidente do Sporting era Brás Medeiros.
> Nene morreu ao volante de um Austin Mini na estrada de Coimbra para a Figueira da Foz.
E agora a razão por que as memórias são traiçoeiras para os jornalistas e muito mais para os cidadãos comuns: na altura (agosto de 1970), os jornais compararam a morte trágica do jovem jogador da Académica com a do actor James Dean, nos anos 50, este sim ao volante de um Porsche.

A revista Sábado destacou-se nos últimos dois anos por informações e divulgações dos emails do Benfica, sem nunca revelar, e bem, de onde lhe vinham os exclusivos.

Hoje a mesma publicação destaca-se pela denúncia do que qualquer um pode presumir ter sido a sua fonte dos tais exclusivos, o suposto “hacker” que terá violado a rede informática do clube e exposto os tais emails.

Uma publicação acusar alguém de cometer o crime que terá estado na origem dos seus “furos” editoriais é um enorme “spin” jornalístico. 

Todo o romantismo do jornalismo de investigação, das fontes arduamente procuradas, do trabalho exaustivo dos jornalistas para verificar a veracidade do material recolhido com extrema dificuldade, tudo a transformar-se na figura descartável de um “hacker” foragido. Que decepção!

Não tivesse o mesmo suspeito sido acusado há mais de dois anos pelo crime dos “Football Leaks” pelos mesmos jornais e revistas que replicavam as suas revelações e estaríamos perante uma situação inédita na história do jornalismo.

Assim parece apenas uma tentativa canhestra de passar ao lado do crime de devassa de correspondência privada, quando as investigações devem estar a esgotar o tempo admissível para a descoberta dos responsáveis por estas sistemáticas ilegalidades informáticas.

Em primeiro lugar, a minha homenagem a uma série de nomes que me vêm à cabeça: Jorge Salcedo, Jorge Dias, Avelino Azevedo, Fernando Rocha, Luis Vieira Caldas, Luis Feist.

Estes homens, grandes desportistas portugueses, têm em comum serem ou terem sido juízes ou árbitros internacionais com muitas presenças em Europeus e Mundiais, vários deles olímpicos, mas praticamente desconhecidos dos compatriotas fora do círculo das respectivas modalidades, talvez por nunca terem andado envolvidos em polémicas ou bravatas do tipo futebolístico.

Esta evocação foi-me sugerida pelo espanto que tenho sentido em Portugal pela súbita descoberta da existência de Carlos Ramos, um dos melhores juízes de cadeira do ténis mundial, de sempre, através da inqualificável atitude antidesportiva de Serena Williams, na final do Open dos Estados Unidos.

Carlos Ramos foi o primeiro em todo o Mundo a completar o Grand Slam da arbitragem, com as finais dos quatro maiores torneios (quatro na Austrália, um em Roland Garros, um em Wimbledon e um nos Estados Unidos) e dos Jogos Olímpicos de Londres (também em Wimbledon) e ainda com as finais da Taça Davis e da Fed Cup. Falta-lhe apenas a final do Open da Australia feminino para completar igualmente o Grand Slam das finais de senhoras, contando já uma de Roland Garros, outra em Wimbledon e esta em Nova York.

Um currículo extraordinário que não chegou para ser minimamente conhecido dos portugueses ou digno de uma passagem por Belém. Até que uma atleta de grande nomeada e craveira, num momento de descontrolo, o tornou mundialmente famoso.

Fernando Santos tenta galopar o achado de Verão que lhe permite voltar a respirar tranquilamente durante a próxima época, não resistindo aludir a quem o tenha criticado mais acintosamente pelo futebol pobre exibido pela selecção no último Mundial.

Ou o sol e a praia operaram milagres em jogadores como João Cancelo, Ruben Neves, Ruben Dias, Mário Rui, Pizzi, Bruma, Renato Sanches ou Sérgio Oliveira, ou a correcção de rumo e velocidade que acaba de realizar peca por muitos meses de atraso, certamente por falta de fé.

Há um mês, ao contrário do que ele diz a piscar o olho ao povo indefectível, não éramos “coitadinhos”, mas também não tínhamos o mesmo sentimento de confiança no futuro.

A renovação acelerada dos jogadores e da estratégia de jogo só se justificam por, também na cabeça do seleccionador, a equipa anterior não ter estado à altura do que se lhe podia exigir e ser imperioso iniciar um novo ciclo - o que constitui um ‘mea culpa’ indirecto do responsável por tudo.

Do Mundial, ficou a certeza de que aqueles jogadores, aquela equipa, não podiam jogar melhor nem alcançar uma classificação mais alta. O que ninguém podia assegurar era que tinham ficado de fora jogadores que podiam constituir uma selecção mais forte - responsabilidade única e absoluta do seleccionador nacional, que tem todas as ferramentas de análise e o poder de decisão.

Com a nova convocatória e, sobretudo, depois dos jogos com Croácia e Itália, ressalta a sensação de que alguns dos melhores não foram à Rússia ou não jogaram onde deviam, como William Carvalho, Bernardo Silva, Mário Rui ou Ruben Dias. E que, por isso, as críticas mais ácidas que muitos fizeram, em particular à falta de audácia e de um jogo mais positivo, estão sempre latentes no discurso do próprio seleccionador.

Depois do jogo com a Espanha disse que “temos capacidade de fazer melhor”. Depois da vitória tangencial sobre Marrocos confessou ser “inexplicável” a falta de qualidade. Após o empate com o Irão exclamou um “Graças a Deus passámos”. E finalmente admitiu que na derrota com o Uruguai se “devia ter feito mais”.

Portanto, bem vistas as coisas, o primeiro crítico do que se fez ou não se fez no Mundial foi o próprio Fernando Santos, cujo poder lhe permite agora recomeçar o trabalho com um plantel extremamente renovado. Com jogadores que ou fizeram algum trabalho miraculoso nas férias ou já deviam ter estado no campeonato do Mundo…

Tenho curiosidade em ouvir a opinião dos críticos da televisão do Benfica, relativamente à futura estação da Federação Portuguesa de Futebol, o canal 11.

As razões das criticas mais ácidas à BTV resultam da transmissão dos jogos da equipa principal de futebol, sob suspeita de serem manipuladas e desvirtuadas ao gosto do Benfica e para prejuízo dos concorrentes. Segundo estas pessoas, os canais de clubes podem transmitir tudo (equipa B, juniores, escolinhas, futebol feminino, futsal, andebol, basquetebol, chinquilho, etc.) que não há problema algum, podem manipular e desvirtuar à vontade que ninguém se queixa - como sou levado a deduzir que fazem nos canais dos outros clubes.

Não havendo direitos centralizados na Liga Portuguesa presume-se que os canais de clube que desvirtuam e manipulam as imagens dos jogos respectivos só não os transmitem porque não têm dinheiro para adquirir os direitos. E não gostam de ser os únicos a não poder fazê-lo, em nome da verdade desportiva, claro.

Ora, o canal da FPF propõe transmitir tudo o que mexe na Casa das Selecções, que chegam ser sete ou oito equipas em actividade simultânea, portanto, um manancial inesgotável de conteúdos para o canal 11. A única que fica arredada é a selecção AA, pelo menos nos jogos oficiais, e eventualmente a de sub-21 nalgumas competições em que os direitos sejam incomportáveis ou transformem uma grande receita numa despesa maior que o lucro mínimo ou ainda por estarem centralizados.

Desportos como o Golfe, o Ténis, o Surfe, o Triatlo, a NBA, a NFL, entre muitos outros, tornaram-se globais a partir do momento em que desenvolveram os seus próprios canais e meios de produção. É para aí que caminham agora a UEFA e a FIFA, pelo que a FPF está em linha com a tendência mundial.

O único óbice ao sucesso do canal 11 é a desconfiança dos que vão pensar que a FPF manipula e desvirtua a seu bel-prazer as imagens dos jogos das selecções nacionais. Em nome da coerência, alguém tem de considerar inadmissível promiscuidade que a salinha do videoárbitro esteja instalada paredes meias com os estúdios do novo canal - um escândalo.

O Sporting elegeu e empossou o 43.º presidente, quinto dos últimos dez anos. Frederico Varandas ganhou as eleições com a proposta de unir o clube, um objectivo ambicioso num clube que ao longo das últimas décadas tem lutado desesperadamente contra um síndrome de autodestruição.

Inicia o mandato num momento delicado, mas pacífico em termos futebolísticos, na liderança do campeonato. O futebol é o fiel da paz interna do Sporting, mas só admite uma saída, a da vitória. 

Desde João Rocha, o último líder indiscutível, o Sporting elegeu com esperança e depôs sem clemência presidente a seguir a presidente, ao mesmo tempo que acumulava épocas e épocas de insucesso no futebol, com apenas dois campeonatos ganhos em 36 anos.

Com isso desenvolveu uma personalidade bipolar, unido para o exterior mas completamente fraccionado internamente. O Sporting, aos olhos da sua exigente massa associativa, tem uma honestidade à prova de bala na comparação com os clubes rivais,  mas há mais de vinte anos que não se orgulha  de um presidente - excepto, agora, Sousa Cintra pelo que fez nos últimos dois meses.

Um campeonato é perdido pela corrupção dos adversários, pela perseguição dos árbitros ou pela desonestidade do “sistema”, mas quem paga por incompetência ou, mesmo, gestão danosa é o próprio presidente e a sua equipa. Há um orgulho enorme pela diferença relativamente a Pinto da Costa e Luis Filipe Vieira, mas sem disfarçar a vergonha e o desespero por não conseguir vencê-los.

Para os sportinguistas que perseguem os seus ex-dirigentes com desconfianças públicas, auditorias forenses e assembleias destitutivas, não há piores presidentes que os dos adversários, apesar de nenhum outro clube mostrar uma estima tão baixa pelos respectivos líderes, a maioria dos quais (Porto, Benfica, Braga, Guimarães, Boavista, etc.) vão repetindo mandatos e mantendo a confiança dos respectivos adeptos há mais de uma década.

Isto é: um líder do Sporting teria um nível de integridade pessoal muito acima dos dirigentes dos outros clubes, mas inferior ao padrão dos seus próprios consócios. Assim se explica que um presidente idolatrado, com 90 por cento de apoio, possa ser expulso em menos de um ano pelos mesmos associados.

Chegar a presidente do Sporting é, portanto, candidatar-se a terminar destratado, porque o padrão de exigência é tão alto e intolerante. Basta recordar como foram afastados do clube Jorge Gonçalves, Santana Lopes, Soares Franco, José Eduardo Bettencourt, Godinho Lopes ou Bruno de Carvalho, alguns até com pena de expulsão, todos culpados de não terem conseguido a conquista do título principal do futebol.

Mas até José Roquette e Dias da Cunha, os últimos campeões, viram o prestígio desgastar-se ao ponto de não retorno, com saídas nada consentâneas com o desempenho das suas gerências.

Este é o desafio de Frederico Varandas: unir os sportinguistas passa obrigatoriamente por ganhar o campeonato de futebol, exorcizar os fantasmas caseiros passando por cima dos adversários externos.

Fernando Santos apresentou ontem uma renovação radical da selecção, rejuvenescendo-a em três anos, com um certo atraso, pois a prudência é a regra n.º 1 do processo de decisão do seleccionador e muito por força do autêntico “baby boom” futebolístico, que projecta e assegura Portugal como potência europeia para a próxima década.

O onze que terminou no estádio do Algarve a partida com a Croácia era talvez a mais jovem selecção portuguesa de sempre, com uma média de 23 anos nos nove jogadores que acompanhavam os veteranos Pepe e Patrício.

Foi curiosa a opção de construir o novo esboço de selecção em torno de Pepe, com 35 anos e 100 internacionalizações, símbolo de um Portugal sem fronteiras e agregador, a que se juntam agora mais internacionais oriundos dos países da lusofonia, como Gedson e Rony Lopes.

Pepe e Rui Patrício (30 anos) foram os únicos seleccionados acima dos 30 e, juntamente com William Carvalho (26) e Bernardo Silva (23), os que mantiveram a titularidade relativamente à última partida do Mundial, com o Uruguai.

A média de idades desceu dos 27,6 anos para os 25,5 da equipa inicial frente à Croácia, mas ao longo do encontro ainda rejuvenesceu mais, para terminar nos 24,7 anos - ou 23, se retirarmos os dois “velhinhos”.

Desta experiência sairá uma solução intermédia, com a inclusão de Cristiano Ronaldo (33), João Moutinho (32), Cedric (27) ou João Mário (25). De fora, definitivamente, só devem estar Bruno Alves (36), Jose Fonte (34), Quaresma (35) e Manuel Fernandes(32), quando se torna evidente que existem alternativas de qualidade.

E fica para sempre justificada com dados concretos a dúvida sobre se a notória falta de irreverência da selecção no Mundial não teria sido superada com a inclusão de alguns destes jovens que já tinham dado sinais na época anterior. Não foi por terem esperado pelo mês de Agosto para se mostrarem, excepto no caso de Gedson, que João Cancelo, Sérgio Oliveira, Rony Lopes ou Bruma, ou mesmo Ruben Dias, ficaram fora do Mundial.