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J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.


O Mundial entrou na fase do empata-empata, outrora conhecida como do mata-mata. Ninguém quer perder e poucos têm capacidade de correr riscos para chegar ao triunfo. Os jogos transformam-se em exercícios de xadrez, com a proposta de empate sempre presente nas acções colectivas e nas directrizes dos treinadores. Muita cabeça, muita concentração, nada de erros - que o guarda-redes depois resolve nos penaltis.



E assim, depois do feito do russo Akinfeev, foi o croata Subasic quem acabou por vencer o dinamarquês Schmeichel, numa decisão em que foram defendidos cinco pontapés em nove. É desta forma que, provavelmente, se vai eleger o melhor guarda-redes do Mundial, depois de uma primeira fase em que nenhum brilhou a grande altura. A fase eliminatória tornou-se no tempo dos guarda-redes e as emoções extremas que os desempates provocam acabam por salvar os jogos.



Leio em outras línguas algumas referências elogiosas aos jogos de sábado em comparação com as xaropadas servidas no domingo. Quem criticou a lentidão e falta de criatividade da seleção portuguesa, contrapondo o futebol espectacular da Croácia, por exemplo, deve ter ficado à beira de cortar os pulsos.



Como dizia um filósofo antigo, “o futebol é isto mesmo”. Um jogo pode começar a todo o vapor, com dois golos no primeiros 4 minutos, e depois fechar-se numa concha e fingir-se de morto até à hora do desempate final. Muita gente por esse mundo fora deve ter dormido uma bela sesta, embalada por narradores e comentadores monocórdicos, para acordar fresquinha a tempo das grandes emoções dos penaltis.



Do Croácia-Dinamarca recordaremos apenas os lançamentos laterais de Knudsen, autêntico mestre do arremesso, capaz de colocar a bola a mais de 40 metros, do que, aliás, resultou o golo nórdico. E, claro, o penalti roubado por Schmeichel a Modric, a minutos do final do prolongamento, dando o mote para o que iria acontecer pouco depois.


A selecção vai iniciar dentro de dois meses uma nova competição, a Liga das Nações, defrontando dois adversários de peso, Polónia e Itália, também a sair de campanhas decepcionantes no Mundial. Não vai haver tempo para grandes reflexões nem mudanças radicais, mas a partir desta base de convocáveis é possível projectar alguma evolução, que vá preparando a selecção para a fase de qualificação do Euro 2020, a mais fácil de sempre, pois vai apurar 20 finalistas, mas também já a pensar no Mundial de 2022.



José Fonte, Bruno Alves, Pepe, João Moutinho e Ricardo Quaresma chegaram ou estão a chegar ao momento da retirada. Cristiano Ronaldo afiança que ainda pode fazer muito mais nos próximos anos, mas reclama um enquadramento táctico muito complexo (e dispendioso), tendendo a resolver sozinho cada vez menos e a necessitar de bons parceiros cada vez mais.



Um dos handicaps a enfrentar deve ser a situação dos jogadores que rescindiram com o Sporting, que talvez não estejam ainda em actividade plena em Setembro. Para William Carvalho, talvez já se possa contar com Danilo Pereira. Para Gelson há várias alternativas. Para Bruno Fernandes, idem. Com Bernardo Silva, Adrien e João Mário é possível rever o processo de jogo e construir um novo meio-campo, ao jeito do que jogou na segunda parte frente ao Uruguai.



Vários jogadores que ficaram de fora ou passaram ao lado do Mundial vão ser chamados, nomeadamente os laterais João Cancelo e Nelson Semedo, o central Ruben Dias, os médios André Gomes, Sérgio Oliveira e Ruben Neves, o excelente Ronny Lopes, grande ausente na Rússia, o jovem João Felix, que pode ser a revelação de 2019, e, claro, o avançado Rafael Leão, depois de voltar à competição. E há ainda Renato Sanches, a incógnita.

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