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J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

J Q M

Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos. Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.

Como se os últimos dois anos não tivessem existido, Renato Sanches apareceu hoje na primeira formação do Bayern apresentada pelo novo treinador, Nico Kovac, muito fresco, solto, dinâmico e influente, quer no jogo, quer no resultado, ao fazer um magnífico golo de livre directo de um ângulo apertado, apenas “diminuído” porque Gigi Buffon tinha sido substituído na baliza do Paris SG, minutos antes. Foi uma surpresa revê-lo como se fosse outro.

Foi como se Renato Sanches tivesse saído dos festejos do Europeu, gozado as suas merecidas férias e iniciasse agora a vida profissional na Alemanha. O único problema é que foram dois anos em férias, tempo perdido em demasia. E, claro, estamos ainda longe de perceber se atingirá o nível competitivo que o Bayern exige, sem olvidar que o adversário de hoje era a reserva parisiense.

Dois anos após a venda de Renato, o Benfica lança um novo valor na mesma posição e o mundo dos olheiros, dos negociantes e dos mercados já entrou em ebulição. Gedson Fernandes é menos, muito menos, exuberante nas suas acções e ainda parece inibido em algumas situações de jogo, mas oferece um desempenho táctico mais fiável e contínuo, sem as quebras de concentração que tantas vezes atrapalham Renato. A força, o talento e a capacidade de remate são idênticas.

Embora com menos dois anos de vida, Gedson já está a atingir a idade futebolística de Renato e - o futuro o dirá - espero que nunca o deixem ir de férias durante duas épocas.

Dizia o filósofo António Medeiros, também treinador de futebol, que não era bonito bater em cães mortos. Foi dele que me lembrei esta madrugada ao saber da notícia de que a Administração Fiscal teria confiscado contas bancárias do Sporting por causa do não pagamento de dívidas referentes aos meses de Abril e Maio.

No tempo em que eu era editor, inclusive no jornal em questão, a notícia não seria essa, com o devido respeito. Perante os factos revelados, em vez de “Sporting: Fisco penhora contas bancarias”, eu teria titulado “Fisco bate recorde mundial de velocidade na execução de dívida ao Sporting”.
Isto se os factos são verdadeiros, se realmente a penhora se deve a dívidas não saldadas há menos de 90 dias. Julgava eu que haveria um processo, juros de mora e novo prazo antes de se chegar à pena capital, o que normalmente demora alguns meses.
No corpo da notícia não há qualquer explicação sobre os trâmites e fica subentendido que se trata de prestações correntes, nomeadamente quando é adiantado que os gestores actuais já pagaram as do IRS de abril e aparentemente toda a gente no jornal, desde o jornalista ao diretor que colocou chamada na 1.ª página, passando pelo editor, achou normal esta intervenção drástica do FIsco.
Ou as dívidas são mais atrasadas e a penhora é o fim de um processo normal que duraria há meses e veio coincidir com a crise directiva?
Por um lado, fala-se em Comissão de Gestão (clube), por outro em incumprimento do fair play financeiro (SAD), não se percebendo se são dívidas do clube ou da SAD, o que seria capital para o licenciamento nas próximas competições profissionais?
Perceber e comentar o que se passa no Sporting por estes dias é mais perigoso que um trapézio ensebado. A toda a hora tocam buzinas de alarme ou se acendem luzes de esperança. A comunicação social também virá a ser julgada quando se regularizar este clima caótico em que qualquer notícia e o seu contrário surgem lado a lado a qualquer momento, sem filtros nem justificações.

Desde o início das fugas dos emails do Benfica me tem intrigado que nunca sejam divulgadas as respostas. A tónica das mensagens que empolgam Jota Marques é invariavelmente de um pobre diabo a mendigar bugigangas, a troco de informações básicas, mas não tem sido revelado o passo seguinte, nomeadamente se o Benfica satisfaz a pedincha - e é muito importante sabê-lo para formar uma acusação.

A última é do ex-árbitro Adão Mendes a pedir uma camisola e um livro com dedicatória, num embrulho à parte, para oferecer ao pai de um observador de arbitragem, ex-árbitro internacional, aliás. Mas agora desconhecemos se o Benfica enviou o pacote ou não e isso é muito frustrante.

Ontem, era o delegado Nuno Cabral a pedir um aumento de avença para mil euros, mas ficámos sem saber quanto ganhava antes nem se foi realmente aumentado ou se entrou em greve.

Penso mesmo que este pormenor é uma enorme fragilidade do processo montado pelo porta-voz do FC Porto, pois o caso já estaria bem mais adiantado nesta altura se conhecêssemos uma única resposta de Luis Filipe Vieira a mandar executar algum pedido. Caramba, a menos que as contas de mail do Benfica sejam apenas receptáculos, deve haver por aí um despacho qualquer, nem que seja de “arquive-se”, pelo que não encontro razão para não serem divulgados igualmente pelos piratas de plantão.

A quantidade de mensagens com conteúdos inapropriados, sugerindo práticas de influência inadmissíveis, já podia ter motivado o Benfica a mostrar essas respostas, ficando comprometido ao não o fazer. Sou do tempo em que um completo banco de dados sobre árbitros, jornalistas, dirigentes adversários, treinadores e jogadores, a chamada lista telefónica de contactos, era sinónimo de “grande organização” para aqueles que agora denunciam tais ferramentas como arsenal de malfeitores.

Porque receber um email a pedir uma prenda não é prova de corrupção ou, sequer, violação ética, pelo cariz afectivo que tais ofertas normalmente contêm. Ainda hoje li uma entrevista do maior amigo de Cristiano Ronaldo a revelar que lhe pedem, através do instagram, não apenas camisolas e autógrafos, mas também casas e automóveis.


Tensão, acusação, traição, vingança, crime - eis as últimas horas do futebol em Portugal em episódios, mais ou menos cronológicos e pormenorizados.



Ontem, ao final do dia:



> um advogado a chamar a polícia porque não lhe aceitam uma caixa de papéis num estádio



> o presidente da assembleia geral a destratar o tal advogado e a referir como ex-sócio o ex-presidente do seu clube



> uma advogada a explicar que o tal presidente lhe prometeu uma verba choruda para encabeçar uma estrutura ilegal e lançar a confusão na ordem estatutária da sociedade, mas que o considera agora um “aldrabão”



> o ex-presidente do clube em causa a garantir que vai ser candidato às eleições não obstante estar legalmente impedido de o ser e a dizer-se vítima de vingança.



Hoje de manhã:



> um clube a chamar “porta-voz de organização criminosa” a um dirigente do rival.



O adepto tenta concentrar-se nos jogadores, nas novas contratações (este ano, com a novidade das recontratações), nas opções tácticas dos treinadores e na observação dos primeiros jogos, mas há um resguardo sistemático da parte dos clubes, viciados em portas fechadas com janelas de quinze minutos para visibilidade dos patrocinadores, que acaba por desviar as antenas para esta marginalidade.



Com a digestão da overdose do Mundial completamente feita, quase nos esquecíamos que estamos em Portugal. Com o prazer do gosto pelos jogos, sem acesso às trapalhadas dos bastidores, que também terá havido, não são precisos muitos dias para acordarmos para a nossa realidade e desejar que o Mundial começasse outra vez amanhã.

Um ex-delegado da Liga apontado como um mafioso muito influente nos meandros da bola, que terá feito um relatório para o Benfica sob o tema “Arbitragem”, apareceu hoje em mais um email revelado por um blog pirata a pedir um reforço da sua avençazinha para mil euros, número redondo.

Como é habitual, não foi revelada a resposta nem os resultados do labor deste alegado “menino querido” da organização benfiquista, mas percebe-se que o clube tenha dificuldade em vingar neste território da corrupção, pagando tão mal por objectivos tão ambiciosos.
O “low cost” continua a ser o padrão mais conhecido da alegada organização ilícita ao serviço do Benfica, mesmo quando se trata de um suposto agente infiltrado, e justifica o facto de, ao fim de um ano, nenhum órgão de comunicação, nem sequer o Porto Canal, se ter dado ao trabalho de o ouvir ou mostrar, tal a importância que lhe atribuem.
É a síndrome Calabote que, 60 anos depois, continua a derrotar o clube lisboeta sempre que se aventura em território pantanoso: fica com a má fama, os outros com o proveito. Quando se trata de corrupção, o Benfica é muito incompetente, desde logo porque tudo se sabe.
Entretanto, passou mais de um ano sobre o começo da devassa da correspondência electrónica do Benfica sem uma acusação formal e objectiva, perante o silêncio cúmplice da Federação e da Liga, hoje acusadas pelo clube de terem promovido mais uma fuga de informação, a divulgação de dois contratos de jogadores.
Creio que esta acusação, difícil de provar, é um estratagema do Benfica para obrigar as duas instituições a chegarem à frente e a aplicarem os regulamentos, para acabar com mais este foco destrutivo de criminalidade organizada no seio de uma indústria que se pretende de referência.
A revelação dos contratos de Ferreyra e Castillo, iguais a tantos outros, é um acto patético, embora muito valorizado por quem acha que um indigente, ou mesmo uma rede de indigentes, pagos a mil euros por mês, pode derrotar a moral desportiva, a grandeza colectiva e a qualidade futebolística de um campeão como o FC Porto.

Não tenho memória de algum futebolista com impacto mediático se fazer acompanhar pela mãe na apresentação num novo clube. Quando são jovens, alguns aparecem com o pai, outros com a namorada, todos com o empresário, mas com a mãe não estou a ver. E, se algum houve, de certeza, não teria 33 anos.

A presença da senhora Dolores Aveiro hoje na sala de imprensa da Juventus a acompanhar a apresentação do filhinho, Cristiano Ronaldo, ofuscando até a presença da namorada, ajuda-nos a explicar a grande incógnita que paira sobre todas as mesas de discussão: como é possível um atleta de 33 anos olhar (e ser olhado por todos) para o futuro como se tivesse 23 e um horizonte de mais cinco ou seis ao mais alto nível e sem perspectivas de quebra de rendimento?

A companhia da mãe num momento tão importante significa que ela está presente em todos os momentos e decisões que conduzem a uma mudança tão complexa como esta.

Ela não estava ali como acompanhante, mas como matriarca - com a responsabilidade da pasta das emoções, a par de Jorge Mendes, o responsável da pasta das finanças.

Cristiano Ronaldo abdicou de muito para ter a vida que tem. Fez muitos sacrifícios e terá trabalhado mais, no aperfeiçoamento técnico e no desenvolvimento fisico, do que qualquer outro futebolista. Mas nunca abdicou da família, da mãe, dos irmãos, do sentido de prole, que agora prolonga para a sua própria família, já com quatro filhos.

É fácil concluir que muito do seu equilíbrio, da sua maturidade, da sua força mental, advém dessa dependência familiar e, até, da disciplina e ordem que a mãe, discretamente, lhe impõe.

Porque nem sempre foi assim. Durante uma década, toda a adolescência, viveu sozinho numa pensão de Lisboa, apartado de uma família madeirense por um oceano intransponível, com direito a um telefonema semanal. Ninguém saberá como isso deve ter sido difícil, embora seja uma situação comum a muitos aprendizes de futebolista, talvez a maioria dos que não tiveram a sorte de nascer nos grandes centros.

A diferença é que ao chegar à idade adulta, em vez de se emancipar definitivamente e usufruir do império desportivo e financeiro que foi erguendo, prosseguindo naturalmente essa vida à distância da família, Cristiano chamou de volta o colo da mãe, particularmente em Madrid, para os seus melhores anos.

Mas hoje, inesperadamente, a mãe de Cristiano anunciou que vai deixá-lo com a própria família na etapa de Turim e regressar à Madeira, cedendo espaço à companheira do filho. Foi talvez a maior revelação da apresentação à Juventus, a acentuar uma mudança substancial, relativamente à vida em Espanha, com consequências imprevisíveis no seu rendimento.

Para seguir, discretamente, mas com atenção.

À boa maneira do saudoso Wilson Brasil (esta é para maiores de 50), eis a minha selecção do Mundial 2018, agora terminado. Gente do Alto:

Courtois - Meunier, Varane, Umtiti e Hernandez - Kanté, Modric, Hazard e Perisic - Griezmann e Mbappé.

O MELHOR DO MUNDIAL

> O golo da vitória por 3-2 da Bélgica sobre o Japão, 10 segundos de futebol sublime https://www.dailymotion.com/video/x6nfco2

> Luka Modric, iluminado como uma estrela no topo do universo

> Hazard, a atingir finalmente o nível que se imaginava desde há meia dúzia de anos e que parecia para sempre adiado. Três golos e duas assistências, um penalti sofrido.

> Mbappé, o melhor jogador jovem, mas muito mais do que isso. Melhor do que Cristiano, Messi, Ronaldo Fenómeno ou mesmo Maradona ou Cruyff na sua idade.

> Courtois, o melhor guarda-redes de uma geração riquíssima em especialistas.

> Varane, o super defesa, a roçar a perfeição, quase incapaz de cometer erros.

> Kanté, o jogador indescritível, espécie de passe-partout, o verdadeiro jogador de todo-o-terreno

> O fair play, nas ruas, nas bancadas e sobretudo dentro das quatro linhas. Apenas 4 cartões vermelhos, contra 10 no Mundial anterior e 17 no da África do Sul.

> A cerimónia de encerramento com Ronaldinho Gaúcho tocando conga, depois de Ronaldo Fenómeno ter estado na de abertura, numa fusão perfeita entre o futebol e a cultura, com a cantora de ópera ao ritmo da Kalinka e todos os bailarinos no final a caírem como Neymar. Apenas 10 minutos simplesmente brilhantes. Genial.

O PIOR

> A programação televisiva das estações portuguesas, com padrões de há quinze anos, estáticas e monocórdicas, abusando da linguagem futebolense, por vezes incompreensível, passando completamente ao lado da revolução gráfica da análise futebolística que caracterizou a programação da maioria dos países, com destaque (das que vi) para a BBC/ITV, para a TV Globo e para a Fox.

> A seca dos homens-golo, com avançados como Lewandowski, Higuain, Gabriel Jesus, Giroud, Berg, entre outros, a não conseguirem superar as cada vez mais sólidas organizações defensivas.

> Os defesas laterais, em particular os do lado esquerdo, uma especialidade em crise aguda quando Marcelo passa ao lado da competição.

> A arbitragem da primeira fase, que quase punha em causa a estreia precipitada do VAR, porque a esmagadora maioria dos árbitros não tinha experiência nem preparação para lidar com uma ferramenta tão complexa num meio tão difícil. Apesar de tudo, os bons árbitros evitaram o descalabro, em particular na segunda fase da prova.

Diz-se que o ataque ganha jogos e a defesa ganha campeonatos. A França juntou os dois melhores atacantes do campeonato, Griezmann e Mbappé, à melhor organização defensiva e por isso é a indiscutível campeã mundial, numa final de resultado mais desnivelado do que seria expectável.

Griezmann e Mbappé acabam o Mundial com 4 golos cada um, contribuindo para todas as vitórias, excepto a meia-final com a Bélgica, decidida por Umtiti, numa bola parada.

Ter bons avançados e uma organização defensiva muito solida, embora com um guarda-redes mediano, parece ser o indicador de uma nova mudança do paradigma futebolístico. Ganhar com menos bola parecia impossível à medida que se desenvolveu nos últimos anos a obsessão pelo seu controlo, com seus titkitakas e derivados, mas depois deste Mundial tudo é possível - o Guardiola que se cuide. Na final, repetiu-se: França 34, Croácia 66% - e daí?

Com os dois primeiros golos em lances de bola parada, tal como na decisão da meia-final, os franceses executaram o seu plano na perfeição, juntando a segurança defensiva à eficácia atacante. Este foi o campeonato com maior percentagem de sempre dos lances de bola parada e a França também esteve dentro da média geral, com seis golos em 14.

Para ter a melhor defesa não é preciso ter o melhor guarda-redes, se todos os outros forem de nível superior. Lloris fica bem atrás de Courtois e de mais alguns. Mas Varane e Umtiti foram os melhores centrais do campeonato, Hernandez o melhor lateral esquerdo e Pavard o segundo melhor lateral direito, depois do belga Meunier.

Junte-se o melhor médio recuperador, Kanté, e um volante poderoso como Pogba e está explicada a solidez dos franceses, completada com peões de brega como Matuidi e Giroud, além de três ou quatro suplentes do mesmo nível, em particular NZonzi e Fekir.

 

Se fosse hoje, talvez a lesão alegada para mandar Kalinic de regresso a Zagreb a seguir ao primeiro jogo do Mundial, com a Nigéria, fosse ciática e não apenas “dores nas costas”. Ciática, aquela estranha doença que dificulta o andar e, aparentemente, perturba o cérebro.

Nas histórias das selecções em fases finais há sempre um Kalinic ou dois, mas quando as coisas correm bem, como correram à Croácia, um caso tão grave de indisciplina nem chega a provocar controvérsia. Pelo contrário, hoje, depois do trajecto brilhante que a Croácia realizou, toda a gente acha que o seleccionador Dalic tomou a única decisão possível, expulsando o avançado do Milan, por se ter recusado a entrar nos últimos minutos do jogo com a Nigéria, alegando as tais dores nas costas.

Enquanto Kalinic nunca imaginou que a Croácia pudesse chegar longe sem o seu contributo de grande estrela, o seleccionador Dalic percebeu que a Croácia não iria longe com um jogador sem espírito de equipa.

Mas quantos seleccionadores, de facto, teriam a coragem de mandar para casa uma vedeta desta dimensão? Acho que muito poucos o fariam, o que explica que existam mais casos de equipas “partidas” pela indisciplina durante as longas concentrações destas fases finais, do que o contrário.

Além de ter jogado mais tempo que as outras equipas, a Croácia disputou o Mundial com menos um jogador, ficando sem substituto para o seu ponta-de-lança Mandzukic. Mas, bem vistas as coisas, não restam dúvidas de que também Kalinic terá contribuído fortemente para fortalecer o espírito de grupo daqueles que abandonou.

Quando começou o jogo de consolação com a Bélgica, estava na dúvida se devia tirar Kane, o previsível goleador da prova, da minha equipa-tipo. Seria o primeiro goleador de um Mundial a quem isso aconteceria e atrevo-me a dizer que nenhuma lista oficial ou institucional sequer admite tal coisa - pois não consideram a (baixa) qualidade dos adversários a quem marcou os golos nem a nulidade absoluta em que se transformou nas partidas a doer, ficando horas e horas sem conseguir sequer enquadrar um remate à baliza.

Depois, bastou-me ver aquele desperdício aos 23’, um autêntico pênalti em movimento, para assumir o que pensei desde o início: apesar dos golos que marcou, Kane não está, não pode estar, entre os três melhores avançados do Mundial. Nem perto.

Fui rever os golos de Kane, 2 à Tunísia em pontapés de canto, 3 ao Panama com dois penaltis, um à Colômbia de pênalti; zeros com Suécia,  Croácia e Bélgica: 3 penaltis, um tap-in à boca da baliza, um bom golo de cabeça e um "chouriço", desviando involuntariamente um remate de Loftus-Cheek.

Cinco de bola parada e um sem querer. Seis no total, tantos quantos Gary Lineker no México/86, que não beneficiou de nenhum penalti. É ir ao youtube constatar as diferenças…

Desde o tal golo inadvertido aos 62’ do jogo com o Panama e não considerando o pênalti à Colômbia, o melhor goleador do Mundial esteve 516 minutos (mais de oito horas) de jogo sem conseguir fazer um remate que acertasse na baliza ou fosse defendido. Nas últimas quatro partidas, depois de ter folgado na última jornada da primeira fase, executou sete remates para fora. Por isto também, a Inglaterra ficou em 4.º lugar e sofreu três derrotas.

Mandzukic, Griezmann, Lukaku, Cavani e Mbappé, pelo menos, foram bem superiores ao “melhor” avançado do Mundial.