André Almeida, o transitório definitivo
O Benfica olha para Nélson Semedo no Barcelona e para João Cancelo na Juventus, os dois grandes ausentes do último Mundial, tal como vê Oblak no Atlético de Madrid e Ederson no Manchester City, dois dos grandes números 1 da Europa, enquanto passam meses e meses sem conseguir descobrir nem um guarda-redes, nem um defesa lateral direito que lhe dêem sossego.
A discussão em torno de André Almeida está em aberto há praticamente oito anos, muitas vezes à porta da dispensa, mas acabando sempre por fazer vingar a polivalência e o profissionalismo. Empiricamente, os benfiquistas acham que ele cumpre, mas que lhe falta qualquer coisa. Não se sabe bem determinar o quê, mas talvez todos concordem se comprovarem matematicamente que ele precisa do quase o dobro do tempo de Maxi Pereira, Nélson Semedo, Alex Grimaldo ou Fábio Coentrão para participar decisivamente numa jogada de golo (remate ou assistência).
Curiosamente, os seus números são idênticos aos de Eliseu, que também estava longe de alcançar o consenso que recebe hoje o espanhol, pescado nas escolas do Barcelona, onde alguém estava muito distraído. André Almeida é o Eliseu do lado direito, cumpre sem ser especialista, como solução transitória que o tempo transformou em definitiva, enquanto não se descobre um gémeo de Grimaldo noutra escola com professores desatentos.
Se à esquerda os problemas eram causados por falta de formação e scouting, tendo valido a transformação de Fábio Coentrão numa aposta quase desesperada de Jorge Jesus, que resultou em pleno, à direita as soluções foram surgindo em casa, mas não duraram por excesso de qualidade dos jogadores. Primeiro, João Cancelo, que praticamente nem chegou a vestir a camisola, e depois Nélson Semedo, que durou dois anos apenas.
Defensivamente, André Almeida não compromete, estará até ao nível dos antecessores, mas no apoio do ataque, apesar do voluntarismo e de alguns jogos acima do nível, fica claramente a perder quer para Maxi Pereira, quer para Nelson Semedo.
Ele participa num golo a cada 8 jogos (soma 4 golos e 22 assistências em 197 encontros), o que representa 75% pior do que Maxi Pereira (21 golos, 45 assistências em 329 jogos) e ainda menos que o de Nélson Semedo (3 golos, 12 passes em 65 partidas).
Se verificarmos que os números de Alex Grimaldo, na esquerda, são igualmente de uma jogada decisiva a cada 5 partidas (3 golos, 9 assistências em 63 jogos), percebe-se a insatisfação e a necessidade de encontrar uma solução mais influente e mais eficaz no jogo ofensivo.