Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos.
Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.
Fui jornalista, estive em todo o tipo de competições desportivas ao longo de mais de 30 anos e realizei o sonho de participar nos Jogos Olímpicos.
Agora, continuo a observar o Desporto e conto histórias.
Faltar a energia na ficha do VAR no momento em que há um lance de possível penálti para analisar é como estar no meio da grande área e cair sem outra razão além de uma conveniente falta de forças nas pernas. Se parecia altamente improvável que pudessem cair ao mesmo tempo, o Taremi e o VAR, mais uma vez se provou que no futebol português, em determinados espaços e com determinados protagonistas, até o inverosímil pode ocorrer com a naturalidade de um raio que atinge duas (...)
Nas horas que as televisões enchem como chouriços antes de começar um jogo importante de futebol, um pé de microfone ouviu uma “adepta” exemplar proclamar a sua motivação para a Supertaça: “vamos ganhar, somos o terror dos benfiquistas”. Ao fim de 40 anos de alienação através de uma política secessionista de obscurantismo desportivo, o ganhar “contra tudo e contra todos” que não passava de motivação para crescer acima do corpo perante adversários gigantescos, (...)
Se o futebol fosse uma guerra, os “fundos” da Arábia Saudita seriam a Wagner, a “empresa” de mercenários que ameaça dinamitar a paz internacional, situando-se entre o totalitarismo dos clubes e a liberdade condicionada dos jogadores, escarnecendo da ONU da bola, uma FIFA forte com os fracos e alinhada com os poderosos. Tal como no mundo do negócio das armas e da escravidão dos povos, a Wagner saudita começou por infiltrar-se onde houvesse vazios de poder por fragilidade (...)
Os franceses enriqueceram o código desportivo ao darem a cor das páginas originais do “L’Équipe”, o jornal n.º 1 do desporto mundial, o significado de vitória, o amarelo dourado dos líderes e campeões, a camisola que distingue o primeiro do pelotão. Mas os brasileiros, com o seu infinito talento para reinventar a língua portuguesa, ofereceram-nos o verbo “amarelar” para retratar o ridículo da falta de coragem perante os desafios da vida. É o amarelo negativo, do (...)
Chegamos ao fim de julho, a duas ou três semanas do recomeço das competições, e João Félix continua sem clube, sem futuro, sem perspectivas, sem planos - arrastando penosamente o dia a dia da que terá sido a mais mal planeada carreira de um futebolista de primeiro plano internacional. Desde a sua “explosão” nos seis meses de êxtase vividos com Bruno Lage no Benfica, ele tem estado entregue a uma “entourage” perdulária, do pai ao agente, passando por treinadores (...)
Acordo com “notícia” de centenas de jovens eufóricas a marcar lugar na primeira fila de um concerto musical com início mais de 24 horas depois e em protesto contra a falta de condições do recinto. Logo seguida de “entrevista” com ministro preocupado com os portugueses que não suportam a “taxa de esforço” para pagar a renda da casa e têm de ser ajudados pelos outros, os que aguentam, ai aguentam, aguentam. E da “reportagem” à porta do tribunal onde está a prestar (...)
Faz hoje 100 anos que nasceu, em Minde, o meu pai, Hermínio da Silva Capaz Manha, o Hermínio da Troça na piação dos charais do Ninhou, o Hermínio das Malhas Bebé na história da indústria têxtil, o senhor Hermínio, simplesmente. O meu “paizinho” - tratamento de íntimo e exclusivo carinho que as novas gerações urbanas substituíram pelo “papá” universal — foi o melhor filho, melhor irmão, melhor marido e melhor pai que conheci. Infelizmente, só me dei conta disso (...)
HISTÓRIAS SEM INTERESSE NENHUM (10) X jogos, Y golos, Z assistências, 2345 minutos - a cada grande plano num jogo de futebol entre cromos de álbuns menos populares, o comentador debita-nos números avulsos, sem termo de comparação, sem relevância analítica. Chamam-lhe “estatísticas” e servem de impactante cartão de visita aos especialistas, sublimando o longo caminho feito por gerações anteriores de tentar oferecer ao espectador do futebol uma melhor compreensão do jogo, (...)
EFAB⚽LAÇÃO (39) Na iconografia bolchevique há um cartaz de 1918, por sinal, horrível, que reproduz a cena de São Jorge matando o dragão, mas com o revolucionário Leon Trotski montando o cavalo branco, embrulhado numa bandeira vermelha e lancetando sem piedade a criatura de má índole, simbólica da contra-revolução. Anos mais tarde, Trotsaki foi vítima de depuração pela propaganda estalinista, sendo apagado das fotografias do regime, mas não da História. Lembrei-me desta (...)
EFABLAÇÃO (38)
É o Super Homem? É um avião? É a Águia Vitória? É o Di Maria?A populaça fixou-se nos ecrãs com a mesma excitação dos pontas-de-lança colados à vedação do aeródromo, de nariz no ar e coração aos pulos, as redes mapearam à polegada o rasto digital do Netjets entre Ibiza e Tires e a CMTV a transmitir em direto a aterragem de um TVDE com asas, mas sem passageiro, um Transporte Vazio De Estrelas.Deve ter sido o anticlimax do ano, com o Terceiro Anel a (...)